Na década
de 40, alguns sítios e chácaras de cana-de-açúcar foram se transformando em
núcleos residenciais na região Noroeste da cidade de São Paulo, na Zona Norte,
o que proporcionou a ocupação local. De um desses sítios nasceu o loteamento
Vila Brasilândia.
Na época,
Brasílio Simões vendeu o seu sítio, onde plantava cana e produzia a Caninha do
Ó, para o empreendedor imobiliário José Munhoz Bonilha, que criaria ali o
loteamento Brasilândia. Por isso, o comerciante teve o seu nome empregado na
denominação do bairro.
O
contrato de compra e venda das terras, assinado em cartório, se deu em 24 de
janeiro de 1947, data oficial do aniversário do bairro, reconhecida pela Câmara
Municipal de São Paulo. O histórico do bairro foi feito pelo jornalista Célio
Pires de Araújo, que organizou o primeiro aniversário local, em janeiro de
1983.
Antes da
existência da Vila Brasilândia, havia outro loteamento, o Itaberaba, iniciado
em 1938, mas que não vendeu muitos lotes. Esse loteamento tinha um formato
longitudinal (e não diagonal, como é comum), estendendo-se ao longo e dos dois
lados da Rua Parapuã. Iniciava-se na esquina com a Av. Itaberaba e seguia pela
Parapuã até o início da chamada subida do Vega (Av. Domingos Vega). Eram lotes
de 50 metros de comprimento.
BRASILÂNDIA
E ITABERABA
O
loteamento Vila Brasilândia foi vendido em duas fases e tinha como centro o
local onde está hoje o 45º Distrito Policial, na Rua Joaquim Ferreira da Rocha
(antiga Guariroba). O centro da Brasilândia, onde está a igreja de Santo
Antônio, é na realidade parte do loteamento Itaberaba.
As vendas
do Itaberaba só “explodiram”, a partir de 1947, junto com o da Vila
Brasilândia, por coincidir com a chegada de imigrantes e de migrantes à São
Paulo e pelo fato de muitos moradores do Centro de São Paulo terem sido
desapropriados e dali expulsos, de cortiços e “malocas”, pela demolição dos
prédios antigos que deram lugar às Avenidas São João, Ipiranga, Duque de
Caxias, Rio Branco – numa ação do prefeito de então Prestes Maia (1938 a 1945).
PEDREIRA
VEGA
Outro
elemento incentivador da ocupação do bairro, na mesma época, foi a instalação
da Pedreira Vega, em 1939, que oferecia moradia a seus empregados e trouxe um
considerável número de famílias para a região, principalmente a partir de 1946,
quando passou a funcionar em sua plenitude.
Os
loteamentos Vila Brasilândia e o Itaberaba foram comprados por imigrantes
italianos, portugueses, espanhóis, e japoneses, que fugiam das ditaduras e das
auguras da II Guerra Mundial (1939 a 1945); por migrantes nordestinos,
espantados de seus estados pela seca dos anos 40, e por interioranos do Estado
de São Paulo. O atrativo maior, entretanto, era a industrialização da Capital,
que precisava de mão de obra não especializada aos montes.
FAMÍLIAS
BASÍLIO SIMÕES, BRUGNERA...
A
Brasilândia foi loteada a partir de 24 de janeiro de 1947, a partir de terras
da família Basílio, mas antes disso já havia gente morando por ali, eram os
trabalhadores remanescentes dos sítios e chácaras; e moradores que adquiriram
lotes dede outro loteamento, o Itaberaba, de 1938 e que se mistura com parte do
loteamento Vila Brasilândia.
Existia
ainda a Olaria da família Brugnera e seus empregados, cuja família comprou a
gleba de nº 17, do loteamento Itaberaba (1938-1939) - embora o local seja hoje
parte do distrito Brasilândia. Localizava-se entre as ruas Servidão Pública,
atual Estrada Lazaro Amâncio de Barros, Rua "L", atual Ministro
Washington de Oliveira, Rua "K", atual Nereu Rangel Pestana, e aos
fundos ficava o córrego do Pirizá, atualmente chamado de Rio das Pedras.
O
LOTEADOR JOSÉ MUNHOZ BONILHA
Os
terrenos vendidos do loteamento Vila Brasilândia, embora não fossem dotados de
qualquer infraestrutura, além de ruas em barro, eram adquiridos com grandes facilidades
de pagamento, inclusive com a doação de tijolos para estimular a construção dos
dois primeiros cômodos das casas.
A
facilidade de pagamento na compra dos terrenos do loteamento Vila Brasilândia
foi um atrativo à parte, que fez o bairro ter um grande contingente
populacional, rapidamente. A empresa imobiliária atraiu com isso muita gente
para a região, tanto que, já em 1949 inaugurava-se a primeira linha de ônibus
(foto).
-
“Vendíamos um pedaço de terra quase sem entrada e para pagar em 12 meses sem
juros, além de fornecermos parte do material para construção”, contou José
Munhoz Bonilha, quando tinha 80 anos (na década de 80) ao extinto Jornal da
Tarde.
O
PORTUGUÊS JÃO RODRIGUES
No ano do
início do loteamento, em 1947, chegou ao bairro o português João Rodrigues
(falecido no final de 1996), que trabalhou na pedreira Vega Sopave como
encarregado de obras. Rodrigues acompanhou de perto a chegada das famílias dos
operários que vinham trabalhar na pedreira.
Ele
contou, quando deste levantamento histórico, que a Pedreira Vega era quem
conservava a principal via do bairro, jogando cascalho na atual Rua Parapuã.
A empresa
Vega começou suas atividades na Brasilândia em 1939; logo depois foi desativada
e voltou a funcionar em 1946, quando trouxe para a região muitos moradores, já
que fornecia moradia aos seus funcionários. Na década de 80 foi, aos poucos,
sendo desativada. Hoje, onde funcionava, localiza-se um reservatório da Sabesp,
na Av. Domingos Veja e ali será Estação e Terminal do Metrô, linha 6 (Brasilândia
– São Joaquim), prevista para funcionar a partir de 2020.
...
A
história da Vila Brasilândia foi pesquisada e escrita por Célio Pires de
Araujo.