quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

OS PRIMÓRDIOS DA BRASILÂNDIA


A Vega e Brasílio nos primórdios da Brasilândia

No dia 24 de janeiro de 1947 a família Simões vendeu ao empreendedor imobiliário José Munhoz Bonilha a gleba de terra que deu origem ao loteamento denominado Brasilândia. O loteamento teve sucesso imediato, já que o prefeito de então, Prestes Maia (1938 a 1945), havia desapropriado velhos casarões e cortiços do Centro de São Paulo para ampliar as avenidas São João, Ipiranga, Duque de Caxias, entre outras. As famílias pobres saídas dali vieram em grande parte para a Zona Norte, motivados pelos baixos preços dos lotes e por ganharem parte das telhas e tijolos.
A facilidade de pagamento nas compras de terrenos oferecida pela empresa imobiliária atraía muita gente para a região. - "Vendíamos um pedaço de terra quase sem entrada e para pagar em 12 meses sem juros, além de fornecermos parte do material para construção", contou José Munhoz Bonilha ao Jornal datarde, quando tinha 80 anos (na década de 80).
Em 1947 chegou ao bairro o português João Rodrigues (falecido no final de 1996), que trabalhou na pedreira Vega Sopave como encarregado de obras. Rodrigues acompanhou de perto a chegada das famílias dos operários que vinham trabalhar na pedreira. Ele contou, quando do levantamento histórico, que a Pedreira Vega era quem conservava a principal via do bairro, jogando cascalho, a atual Rua Parapuã. A empresa Vega começou suas atividades na Brasilândia em 1939; logo depois foi desativada e voltou a funcionar em 1946, quando trouxe para a região muitos moradores, já que fornecia moradia aos seus funcionários. Na década de 80 foi, aos poucos, sendo desativada. Hoje, onde funcionava, localiza-se um reservatório da Sabesp, na Av. Domingos Vega.

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Brasilândia: primo pobre da Freguesia do Ó

Ao se falar da Freguesia do Ó e não citar a vila Brasilândia é um erro e vice-versa, mesmo porque hoje são partes complementares da Subprefeitura. Embora com origens e realidades diversas os dois bairros da zona norte são ligados umbilicalmente já que todas as vias de saída da Brasilândia passam obrigatoriamente pela Freguesia do Ó. Enquanto a Freguesia tem sua origem no período colonial, a Brasilândia foi loteada em 1947, originando-se de um antigo sítio pertencente a Brasílio Simões e vendido à Empresa Brasilândia de Terrenos e Construções.Os primeiros moradores do loteamento vieram principalmente das moradias populares e cortiços existentes no Centro e que foram demolidos para dar lugar às avenidas São João, Duque de Caxias, Ipiranga, durante gestão do prefeito Prestes Maia. Começava assim a história de um bairro marcado pela exclusão e abandono. Também veio para a Brasilândia toda a leva de migrantes que chegara a S. Paulo na época, assim como imigrantes portugueses e italianos, além de interioranos de S. Paulo, de Jaú, Pederneiras e Bariri - todos atraídos pelo novo loteamento que oferecia a quem comprasse um terreno, parte dos tijolos e telhas. Depois desse loteamento vieram outros e o bairro cresceu por sobre seus morros e baixadas. A partir da década de 60 surgiram bairros adjacentes, como vila Santa Teresinha, os Jardins Carumbé, Damasceno, Vista Alegre, etc - todos clandestinos e destinados à famílias de baixa renda. Com terrenos minúsculos e ruas estreitas não contemplaram praças públicas. Os espaços livres, públicos e particulares, remanescentes, foram quase que totalmente ocupados por favelas - deixando a Brasilândia sem áreas livres até mesmo para se construir novas escolas e outros prédios públicos.
A vila e posteiromente o distrito Brasilândia foi marcado sempre pela exclusão e abandono por parte dos governos, marcadamente por parte da Prefeitura. Depois de anos sem grandes obras, em 1.984, a população local conseguiu, após ampla mobilização popular, a construção de um centro educacional e esportivo no bairro. O então prefeito Mário Covas (1983 a 1985) teve que desapropriar a área onde o mesmo foi construído na Estrada do Sabão. Era uma última grande gleba mais central desocupada do bairro, pois logo após isso, áreas próximas foram totalmente tomadas por favela, mas em área adjacente, prevista no projeto original para ser um sacolão, de fato ganhou o equipamento na gestão da prefeita Luiza Erundina; já na área restante, onde deveria ser construído um Teatro ou Casa de Cultura e uma creche, foi indevidamente transformada em CDM, isto na gestão do prefeito Paulo Maluf - que além de nada construir no bairro, ainda destinou área definida em projeto para outro fim.

Os presentes textos e a pesquisa histórica sobre a Vila Brasilândia foram feitos pelo jornalista Célio Pires, editor do jornal Freguesia News (www.freguesianews.com.br) e também deste blog.

3 comentários:

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado

Anônimo disse...

Olá. Meu nome é Lauro Rocha, tenho 25 anos, sou estudante de arquitetura do quinto ano da Escola da Cidade e agora estou desenvolvendo meu Trabalho de Graduação na área da antiga pedreira do Morro Grande. Primeiro gostaria de elogiar o conteúdo do site. Estou concluindo meu trabalho, e gostaria de conversar um pouco com vc sobre o bairro e sua história, e saber se possui fotos históricas do bairro. Procurei em diversos livros mas não encontrei nenhuma foto da Antiga Igreja de Santa Clara, do Antigo Centro Educacional do Morro Grande, da Antiga Fábrica Santo Eduardo e da própria Pedreira.
Agradeço desde já pela atenção.
Obrigado

Paróquia São Gabriel da Virgem disse...

Que Blog bonito de se ler. para quem conhece a Brasilandia e já andou pelas ruas deste querido bairro. Nasci na Fregueisa em 1977, meus pais moraram ai entre 1976 a 1986 quando fomos morar em Cruz das Almas.
Que bonito ver e ler coisas bonitas da querida Brasilandia
Um abraço a todos os
Pe. Zacarias