terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

HISTÓRIAS E REMINISCÊNCIAS DA VELHA BRASILÂNDIA

O Cenpec - Centro de Pesquisa em Educação Cultura e Ação Solidária - realizou um estudo no distrito Brasilândia em meados de 1988/99, contratado pelo PT, no objetivo de oferece subsídios ao Partido dos Trabalhadores para o programa de governo da então candidata a prefeita Marta Suplicy. O relatório final é muito interessante e tem dados relevantes e entrevistas com moradores da Brasilândia. Estou lendo o trabalho e selecionando partes importantes para publicar aqui. A primeira parte está abaixo com depoimento de Eduardo Basílio (já falecido), então presidente da Sociedade Rosas de Ouro, escola de samba nascida na Brasilãndia. Basílio foi morador do bairro, onde tinha um bar e bilhar, colaborador de Igreja de Santo Antônio e o primeiro a ter força política no bairro, embora não tenha se candidatado, sempre foi forte cabo eleitoral. O seu depoimento é interessante, embora impreciso, mas trás reminiscências que ajudam a entender o processo inicial de urbanização local. (Célio Pires).

Veja o que disse Basílio: “A Brasilândia, especificamente, nunca teve indústria, ela sempre viveu do pequeno comercio, que até hoje ainda é insipiente, e sempre se caracterizou por ser um bairro dormitório constituído de grandes núcleos sub-habitacionais com moradias construídas de forma inadequada e em áreas de risco. Segundo depoimento de Eduardo Basílio (hoje já falecido) ao Cenpec, “...depois veio a Fundição de um grego, no Jardim Tiro ao Pombo, que também trouxe bastante emprego, eles fundiam essas tampas de ferro, ou melhor, bocas de lobo que ficam no meio das ruas. Depois foi o Depósito de Materiais de Construção do Dino Antônio Menoti; os japoneses também abriram uma fabrica de produtos artesanais, eles utilizavam o bambu que extraíam da Serra da Cantareira. Brasilândia nunca teve muita indústria e não tem até hoje”.

Nota do Editor: Cabe lembrar que na década de 40 a Pedreira do Vega já estava no bairro, extraindo pedras e produzindo britas, uma atividade industrial intensa e que não pode ser esquecida.

FAMÍLIAS
Ainda segundo depoimento de Eduardo Basílio ao Cenpec: “A primeira família de Basilândia é a Simões, do Sr. Brasílio Simões, cujo empreendimento de produção de água ardente propiciou um primeiro desenvolvimento da região, mais tarde seu filho João Simões Sobrinho, o Zito, fez um olaria, sendo que posteriormente ele a vendeu para a família Brunheira, de origem italiana, levando a sua olaria para outra região, onde hoje esta se construindo o “piscinão” da Avenida João Paulo (Vila Penteado).
A Brasilândia começou a crescer também com a instalação da chamada Pedreira do Vega, (na época do estudo Vega-Sopave, multinacional de origem francesa). O Sr. Domingos Vega construiu uma pedreira e começou a fornecer pedras para o calçamento de São Paulo. A partir desses empreendimentos começaram a surgir empregos na região o que determinou o crescimento populacional e o desenvolvimento de Brasilândia”.

DESTAQUE
Seguindo em seu depoimento, Eduardo Basílio, então presidente da Rosas de Ouro informou ao Cenpec: “Teve um centro avante da Brasilândia, o Elísio, que foi jogar no São Paulo F.C. e fez muito sucesso, e a diretoria (do São Paulo FC) pensou em construir seu estádio aqui na Freguesia. Ele era da família Siqueira, porque na Freguesia “só havia duas famílias”: ou era Siqueira ou era Simões, eu até fiz um verso numa certa ocasião: “Se você encontrar dois bêbados na rua/ um é Simões e o outro é Siqueira/ mas se você encontrar um só/ não tenha dúvida/ ou ele é Simões ou ele é Siqueira ”. O Elísio já faleceu, mas o filho dele, o Alfredinho, ainda mora na Freguesia do Ó, na rua Bonifácio Cubas. A família Simões esta espalhada pela Brasilândia toda, os filhos do Sr. Brasílio Simões, o Paulo, o Zitão, o Walter, moram naquele conjunto habitacional do Tiro ao Pombo”.

MAIS DESTAQUES
Basílio fez questão de ressaltar “que a Brasilândia não é só desgraça”. Disse ele: “Nós já tivemos um campeão pan-americano de judô, ele era dono de uma chácara, até hoje (quando do depoimento – o local foi demolido dando lugar a um supermercado) temos uma escola de judô dessa família, que fica ali na Parapuã, esquina com rua Moacir Cestari; nós também tivemos o sambista Germano Matias; o Viola, jogador de futebol, eu joguei bola com o pai do Viola e com o tio dele lá no Tiro ao Pombo; o primo dele é do grupo ligado ao empresário “Pelé Problema”; nós temos também essa moça negra, alta que joga basquete pela seleção brasileira; a primeira mis Corinthians de 1954 foi da Brasilândia; a dupla sertaneja Tião Carreiro e Pardinho é de Brasilândia, ela cantava nas nossas quermesses, a filha do Pardinho esta sempre aqui nos nossos ensaios; o Tito Maggi que fez sucesso na antiga TV Tupi, um grande compositor, amigo da família Zolezi, muito antiga aqui na comunidade, também foi de Brasilândia.

IGREJA

Eduardo Basílio era animador das quermesses da Brasilândia, nos anos 50/60. Ele lembrou aos entrevistadores do Cenpec o que se segue: “Tem também algumas histórias engraçadas, por exemplo, a Igreja de Brasilândia nós começamos a construí-la e no meio do caminho a parede desmoronou, e fomos obrigados a chamar um engenheiro que tivesse competência para executar a obra; quando da primeira missa realizada na Brasilândia, eu fui buscar o Monsenhor Vitorino, ele era irmão do Monsenhor Bastos da Consolação, que era São Paulino doente, então ele não podia demorar muito na missa porque tinha que assistir o São Paulo F.C jogar no Pacaembu” o

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Conheça mais o Cenpec: http://www.cenpec.org.br/modules/home/

2 comentários:

carlos disse...

a tempo que procuro historia da brasilandia, mas gostaria de saber historia completa da nene da brasilandia.

fammoraes@hotmail.com disse...

Bom dia, eu pratiquei Judo na Academia Yamamoto na Av. Parapuã eu defendi o bairro nos torneios de Judo entre bairros.
Recentemente lendo seus post's, resolvi relembrar estes momentos da minha infância e tentar encontrar os amigos, fiquei muito bem impressionado com o progresso do bairro quase não reconheci o local do antigo ponto final da Brasilândia Sta. Teresinha, rapaz ainda me lembro de ir brincar na mata do governo com meus amigos... muitas aventuras. Se alguém souber o endereço atual da Academia Yamamoto por favor me informe fammoraes@hotmail.com , felicidades para todos. SILVIO