O Cenpec - Centro de Pesquisa em Educação Cultura e Ação Solidária, em estudo realizado na Vila Brasilândia, no final da década de 90, ouviu moradores antigos, além de levantar outros dados: históricos, estatísticos e sociais. Um dos moradores ouvidos foi Leonardo José da Silva, que deixou registrada suas reminiscências, a saber:
“Um dos mais velhos aqui de Brasilândia é um cidadão cujo apelido era Gatto; o outro é um vizinho nosso, o Toninho Cruz, um português que foi um dos fundadores de Brasilândia, ele chegou aqui por volta de 1924, um português alto, gente muito boa, a maior parte da família dele ainda mora em Brasilândia, o filho dele tem uma oficina mecânica aqui. Ele (o filho) ajudou a construir o cinema, a escola e muitas outras coisas em Brasilândia. Tem a família Munhoz, da Companhia Líder, inclusive o terreno da Igreja foi cedido por essa família, a família Bonilha. Tem a família Simões, do Sr. Brasílio, seus filhos ainda moram todos no conjunto habitacional do Tiro ao Pombo, antigamente era um clube, onde se criava pombos - você comprava o titulo, pagava uma mensalidade e ficava sócio, mas isso era para gente rica – eles praticavam a caça ao pombo, e quando a ave abatida caia no entorno do clube, o povo corria para pegar a “refeição”, as que caiam dentro do clube, freqüentemente eram distribuídas à população no final da tarde.
A Brasilândia cresceu muito por conta da vinda do Clube Tiro ao Pombo pra cá. Depois vieram os japoneses, com suas chácaras de horti-fruti-grangeiros e com a prática do judô, mas foram os portugueses que vieram primeiro, todos vindos da Freguesia do Ó.”
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BRASILÂNDIA DE ANTES DE 1947
Nota do editor: O senhor Leonardo lembrou de fatos que viu ou ouvi anteriores à data oficial de aniversário de Brasilândia. O fato é que o dia 24/01/1947, refere-se à data de compra da gleba de Brasilio Simões pela companhia que fez o loteamento e deu a ele o nome de Vila Brasilândia. Antes disso havia vida no bairro, que era uma cercania da Freguesia do Ó, uma área semi-rural, com sítios, chácaras, talvez o clube, e alguns moradores dispersos de um loteamento, o Itaberaba, de meados de 1937, que chegava até certos trechos do que hoje se conhece hoje por Brasilândia.
O que se comemora no dia 24 em janeiro é o nascimento da Vila Brasilândia e não o que havia antes. Se fossemos pensar assim teríamos que nos remeter a outros fatos, como o quilombo que existia para os lados da estrado Congo (Av. Elisio T eixeira. Leite, vide livro de Máximo Barro – a monografia Nossa Senhora do Ó, editado pela Prefeitura) ou mais atrás, às tribos indígenas.
Este esclarecimento se faz necessário, pois há sempre quem questione a data de aniversário, justamente por terem familiares que chegaram por aqui antes da Vila Brasilândia existir.
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