POR CÉLIO PIRES
A Brasilândia é uma vila que difere de todas de São Paulo, ali o abandono dos governos foi proporcional ao amor de seus moradores pelo bairro. Eu me insiro dentre estes “malucos pela Brasilândia” – que lutam incessantemente para tirá-la do atraso e que a defende a qualquer custo, mesmo que isto signifique se indispor com políticos e administradores. Uma das minhas birras é a questão do aniversário do bairro, já que fui eu quem levantou a história e fixou a data de aniversário (24 de janeiro de 1947) – e não fiz isso com chutes, foi pesquisa de campo com velhos moradores e tudo checado com documentação da época - entretanto, todo mês de janeiro, quando se comemora o aniversário, vem alguém questionar a data. Alguns dizem: Porque 60 anos, se meu pai (ou avô) chegou aqui há mais tempo?
O questionamento é compreensível por parte dos moradores, mas acho inadmissível, quando jornal de bairro tente questionar isto e chega a publicar que o bairro existia antes de 1947. Mais uma vez vou explicar a questão e espero que as pessoas entendam de vez, ou quem quiser questionar outra vez que o faça com trabalho de pesquisa e não com chutes.
PORQUE SÓ 60 ANOS
Quando se diz que o Brasil vai fazer 507 anos, quer se dizer que o nosso País tem 507 anos de colonização portuguesa, já que é provado que antes dos portugueses, outros povos navegantes já haviam estado por aqui e antes destes estavam os índios e antes deles, os homens da caverna.
Da mesma forma quando se diz (e prova) que a Brasilândia tem 60 anos, se quer dizer que essa data marca o início do loteamento Vila Brasilândia. Antes disto, é claro, já havia vida por aqui e quem eram estas pessoas:
1.) herdeiros e remanescentes de pequenos sítios e chácaras;
2.) trabalhadores da Pedreira Vega;
3.) alguns poucos moradores que compraram terrenos de um outro loteamento, o Itaberaba, que começava onde hoje está a igreja de Santa Cruz, no início da rua Parapuã, e chegava até partes do que hoje é conhecido com Vila Brasilândia.
O loteamento Itaberaba, que é de meados de 1930, não vingou, ou seja, vendeu poucos lotes. Há quem confunda as coisas, como fez a ong Sou da Paz, que em estudo recente sobre o bairro, chama o centro do loteamento Vila Brasilândia (perto do 45º DP) de Itaberaba - e isto ocorre porque em alguns mapas o nome Itaberaba está escrito sobre este trecho da Vila Brasilândia (aleatoriamente) e porque mapas baseiam-se nas plantas de loteamentos e não sobre a realidade atual.
O loteamento Vila Brasilândia deu certo – ou seja - vendeu-se todo em pouco tempo- pelas seguintes razões:
1) houve muitas desapropriações no Centro de São Paulo por parte do prefeito Prestes Maia, para a construção das grandes avenidas, desalojando os pobres destes lugares, que correram para o loteamento Vila Brasilândia;
2) chegava em São Paulo, na década de 40, grande leva de nordestinos, devido a uma das maiores secas lá ocorridas.
3) São Paulo, já industrializada, oferecia empregos e oportunidades.
4) chegava à São Paulo, nesta época, novas levas de imigrantes da Europa, que estava empobrecida pela guerra.
Peço aos escribas e ditos pesquisadores que leiam e pesquisem de fato. E mais: quem fez 60 anos foi a Vila Brasilândia e não o distrito Brasilândia – uma ampla região formada por inúmeros loteamentos. (Célio Pires é editor do Freguesia News e maluco pela Brasilândia)
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