Maria Isabel de Assis, mulher negra, nascida e criada na Vila Brasilândia é assistente social e mestre em Ciências Sociais, formada pela PUC- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; o título da dissertação de mestrado é “Mulheres Negras: Violência e Resistência no Distrito da Vila Brasilândia”, 2005.
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RESUMO DA TESE - "Mulheres Negras: Violência e Resitência no Distrito da Vila Brasilândia"
A cidade de São Paulo, além das regiões Norte, Sul, Leste e Oeste, tem seu território dividido em 96 Sub Distritos. A Vila Brasilândia, lugar onde se desenvolveu esta pesquisa, representa um dos maiores distritos desta metrópole. Distante do Centro de São Paulo em aproximadamente 15 quilômetros, tem sido retratada pelos diversos veículos de comunicação como um lugar de violência extremada, cujo estigma acarreta aos seus moradores(as) diversas discriminações como o preterimento na disputa por trabalho.
Estudos e pesquisas têm sido realizados na região, com a preocupação de relatar sob diversas óticas a sua ocupação e expansão, assim como a dinâmica das relações locais. A Vila Brasilândia está entre os distritos com maior concentração de negros(as), que segundo o IBGE representa 39,7% da população da cidade de São Paulo. Contudo, esta representação, em algumas localidades deste Distrito atinge 60% do total de moradores. Essa significativa representação resulta do processo de migração pelo encarecimento do solo e possibilidade de aquisição da casa própria. Trata-se do processo de expulsão dos segmentos com menor poder aquisitivo das áreas consolidadas, pelo fato da oferta de serviços não ocorrer na mesma proporção que o crescimento acelerado e desordenado, bem como pela presença incipiente do Estado na oferta de serviços, e ausência de infra-estrutura mínima de forma a satisfazer as necessidades básicas da população.
Estes aspectos somados a outros como desemprego, discriminação racial, violência policial e a outros fatores exacerbam o sentimento de medo e abandono por parte coloca a Vila Brasilândia entre os Distritos onde é registrado os piores Índices de Desenvolvimento Humano de São Paulo.
Esboçar estes contornos numa perspectiva histórica é necessário pelo fato desta pesquisa se realizar também no sentido de focalizar o processo de acentuação da violência no cotidiano das mulheres negras residentes neste Distrito. Portanto, é com o objetivo de apreender a percepção feminina sobre a violência vivida pessoalmente ou pelas pessoas dessa comunidade, que buscamos recuperar a história do local, do ponto de vista das mulheres negras ali residentes, cuja chefia da família está relacionada ao homicídio ou latrocínio de seus companheiros. Trata-se de etnografia sobre a região que remonta aos anos 40/50 quando da ocupação da área, ao passo que enfoca os aspectos das relações sociais das décadas de 70 e 80, afetadas pelas significativas mudanças políticas, sociais e econômicas do cenário nacional de então.
A pesquisa revelou primeiramente que os aspectos que buscamos abordar necessitam atenção mais detida, aspectos estes que contribuem para redução da qualidade de vida das pessoas que residem nessa região, bem como para desagregação das relações entre as pessoas. A pesquisa nos colocou frente a frente com mulheres que estão sendo absorvidas por um cotidiano de luta pela sobrevivência, sua e de sua família, o que dificulta a percepção desse dia-a-dia atribulado como fator que contribui – em parte – para restrição das suas relações de vizinhança, familiares e afetivas. Apontou também que apesar das periferias serem apontadas como lócus privilegiado da violência esta não são singulares aos segmentos que a ocupam. Evidenciou que a dinâmica da sociedade moderna além de destituir da população os elementos agregadores das relações, elabora outros que contribuem para o estabelecimento de uma distância entre os grupos que nela habitam.
O Distrito da Vila Brasilândia Possui:
21 quilômetros quadrados
Total da população, 247.328,
População negra, 39,7%
Taxa de emprego por habitante, 0,16%
Renda média familiar em salários mínimos, 7,38
Chefes de família sem instrução, 10, 04%
Chefes de família com 15 anos ou mais de escolaridade, 1,98%.
Número de homicídios por cada 100 mil habitantes 92, 31 [1].
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QUEM É MARIA ISABEL ASSIS:
Maria Isabel de Assis é ex-conselheira no Conselho Estadual de Participação e desenvolvimento da Comunidade Negra; coordenadora adjunta da Fala Preta! Organização de Mulheres Negras de SP; monitora no Projeto Educando São Paulo Pela Diferença Para Igualdade – UFSCar (Implementação da Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana no Currículo Escolar); assistente Social no Projeto Quixote da Unifesp;está ligado ao Departamento de Psiquiatria da EPM- Escola Paulista de Medicina, atendendo crianças, adolescentes e famílias em situação de risco social.
Um comentário:
Muito bom o blog. tem tudo do que eu precisava ^^
moro na vila brasilândia e não sabia nem da metade das informacões citadas aki...e além do mais vai fazer meu grupo ter uma nota muito boa no trabalho!!!
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